Temos essa eterna mania de ver o mundo – e tudo que o constitui – através dos nossos olhos, da nossa opinião e das nossas atitudes. É um grande erro e estamos fadados ao sofrimento sempre que agimos assim, porém é um vício que não se cura com facilidade. E sempre vamos estar na cena final dizendo "não acredito que fulano fez isso comigo", "eu nunca imaginei que sicrano seria capaz de algo assim". E por que fulano e sicrano não fariam isso comigo ou seriam capaz de uma atitude tão audaz? Simplesmente porque consideramos as coisas de nosso ponto de vista e jamais agiríamos de tal forma – ou porque é contra os nossos princípios ou porque somos covardes para tal. Mas, no final das contas, a sensação acaba sendo a mesma. Às vezes misto de decepção com tristeza, às vezes decepção com admiração (seja positiva, ou negativa, mas talvez sempre com uma pitada de inveja de tamanha audácia alheia).
Eu sempre fui partidária do "não faça aos outros o que não querem que façam a você" e sempre tentei ficar quieta, sem me meter no que não me convém. O caso é que tem gente que vai além – que acredita que sequer quando seu espaço é invadido, quando alguém ataca, deve se tomar uma atitude. Só que eu não tenho sangue de barata. Nesses casos, não consigo simplesmente "esquecer". E, realmente, eu dou um boi para não entrar em uma briga e uma boiada para não sair de uma. E por ser assim eu tenho que aprender a ver o mundo pelas posição dos outros, saber que, mesmo que exista só uma verdade, cada um pode interpretá-la a sua maneira – e que nem sempre o que o outro vê está errado só porque eu não o vejo igual. Só que é difícil. É trabalhoso. Ainda mais se for tão contra ao que você quer, ao que você espera.
Quando é algo de alguém que está do outro lado, alguém que não te é próximo, talvez seja mais fácil – o que te é contrário, você pode simplesmente afastar e ponto final. Evitamos contato e ponto final. Dizemos que temos idéias diferentes e acabou-se, vida que segue. Porém a coisa se complica quando os conflitos se dão com alguém que está do mesmo lado que você, quando é alguém que você não quer que se afaste por algum motivo. É inevitável que antes que se considere que cada um tem uma forma diferente de encarar certas verdades, a primeira coisa que se sente é a decepção. Não adianta. Por mais maduro que se seja, por mais equilibrado que os sentimentos estejam. Nos decepcionamos. Por coisas absurdamente estúpidas. E como explicar ao coração que certas bobeiras devem ser relevadas?
2 comentários:
Eu sempre acho que ao coração nada se deve dizer, só devemos ouvir. Também acho que é melhor ter sempre minha ótica do que passar o resto da vida brincando de equilibrismo. Porque na hora que o calo aperta, já bem dizia a minha avó farinha pouca, meu pirão primeiro.
Farinha pouca meu pirão primeiro. Pode ser, mas o importante [e que tu já compreendestes que as pessoas são o que são e que elas tem o direito de fazerem o que querem e não o que "Eu" quero. Tá e daó? Isso vai diminuir a dor/ Possivelmente não, mas creio que te ajudará a amenizar os prejuízos causados e impedirá que fiques remoendo tais coisas por tempos interminaveis.
Boa sorte moça.
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