segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Dia dos Mortos.

Tem gente que não esquece. Que guarda tudo. Que não supera.

Eu sou de um tipo singular.

Se esqueço?
Não, eu não esqueço.

Se guardo tudo?
Até guardo. Separado por caixas, bem armazenado. De certa forma, sempre a mão. De certa forma, distante do que me é essencial no momento.

Se supero?
Sim, eu supero. Me supero todos os dias. Eu aprendo com o que se deve aprender. Esqueço o que não me serve. Muita coisa não me serve. Ficam em algumas caixas, num canto. Por um tempo. Depois, se vão.

Mas eu perdôo. Perdôo de coração. Se reencontro um fantasma, sou educada. Aprendi a ser educada. Pergunto como está a família, como vão as coisas. Essas coisas que pessoas civilizadas fazem.

O mundo virtual é mais interessante. Porque certos fantasmas sempre estão orbitando por aí. E alguns deles são bem obsessivos. Porque não entendem que superar é algo muito importante na nossa evolução. Não entendem que certos comportamentos podem fazer que com fiquem presos num círculo vicioso, que só faz mal para eles. Porque posso ser espetáculo para eles, objeto da obsessão. Mas sou platéia do desespero deles.

Queria que certos seres entendessem que não me fazem mais feliz ou mais triste por se fazerem presentes, por quererem mostrar que não me deixam. Porque eu vivo a minha vida, nunca deixei de fazê-lo. Mas isso não lhes importa. Me atingir é o que lhes importa.

Pena.
Tanta energia para nada...


Um comentário:

Lomyne disse...

Sabe, eu costumo achar divertido, principalmente depois que já encaixotei os fatos - até porque eu só coloco nas caixas depois de deixei de sentir e tudo vira um mega-processo racional no qual eu difinitivamente não me importo com o que acontece com os outros. Lance meio cruel, mas enfim...


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