sábado, 30 de julho de 2011

"a melodia da canção é aparentemente bastante simples, 
ingênua quase,o que provoca uma estranheza 
que julgo interessante". 
Folha de São Paulo, 15/07/2011

Das minhas estranhezas
Poderia dizer muito.
Contar o quanto me agonia querer muito alguma coisa
E, ao tê-la, desprezá-la no instante seguinte.

Falar horas a fio
E rir das minhas tragédias
Que tanto me fazem querer morrer.
Relatar os momentos mais embaraçosos,
Como se nada fossem,
Como se meus não fossem,
Porque são estranhos,
Me são estranhos.
(Isto também é uma das minhas estranhezas).

Porque estas coisas tão estranhas ao demais,
Tão comuns a tantos,
Tão cúmplices de outros,
São minhas curvas,
Minhas cores,
Minha vida.
Quanta estranheza há em um simples parágrafo,
Em uma simples entrelinha?

Seria realmente uma excentricidade,
Como tantos dizem, afirmam,
Ser o que sou,
Querer o que quero,
Não porque os outros assim o esperam
Mas sim pelo simples prazer
De mais tarde não ser o que fui
E não querer mais o que quis?

Poderia, também, contar que há dias que tenho medo,
Muito medo,
Até de sair da cama.
E em outros - não tão distantes -
Quero que todos me ataquem
Só para que eu mostre
O quanto é fácil me defender.

Pelas minhas estranhezas
Tenho apreço.
Não porque elas me diferenciem,
Me marquem,
Me destaquem -
Dizer tudo isso, que absurdo clichê!

O caso é que em cada estranheza,
Rareza,
Peculiaridade,
Me reencontro.
Me redescubro,
Me reinvento
E vejo que ainda há tanto em mim
Querendo ser e renascer
Que o mundo não entenderia,
Não compreenderia
Se eu dissesse sobre tudo
O que ainda estou por ser.

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