segunda-feira, 14 de abril de 2008

Não digas que me conheces...
Porque não sei até que ponto eu me conheço.
Não serão os de fora
A ganhar dos que estão dentro.


O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Fernando Pessoa

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Delírio Niilista: falso sentimento de que o mundo, as outras pessoas ou a própria pessoa não existem