sexta-feira, 20 de março de 2009

Eu não sou uma pessoa boa.

Não sou. Não penso que os outros são indefesos. Ou amigos. Ou inocentes. Nunca. Sempre espero o pior das pessoas. E aviso para que esperem o pior de mim.

Não ligo para ninguém - nem para mãe, pai, irmã, amigo ou afins. Não ligo, simplesmente isso. O pensamento de pegar o telefone e ligar só para perguntar "como você está?" já faz com que eu me canse. Tá, admito. Isso é meio forte demais. Vez por outra eu ligo. Pelo menos pra irmã, pai e mãe - nessa ordem. Porque eu não gosto de cobranças. Detesto cobranças. Se for pra me cobrar, passa amanhã.

Não tenho muitos amigos. Porque as pessoas me cansam. Então, prefiro ter poucos e ter que fingir menos. Mesmo que os que tenho no momento me conhecem muito bem. E não se assustam mais quando digo que a humanidade me cansa e eu só serei verdadeiramente feliz no dia em que comprar uma ilha só para mim e não tiver que ver ninguém.

Mas aí, por vezes, eu sinto falta de gente. De cor, de cheiro, de gritos. E me perco no Saara. Ou na Rua Teresa. Ou Mercadão de Madureira.

Pois é. As coisas também me cansam. Acredito (e defendo) que tudo que é demais é castigo. E é mesmo. É doença, é problema. Tudo tem que ser de livre e espontânea vontade. Se não o for, é castigo. E, dessa forma, coisas muito boas podem ficar muito ruins.

Não acredito na eternidade. Não acredito mais em muitas coisas. Mas sou mente aberta. Quem sabe se amanhã não acredito?

Não tenho tempo para nada - frase que adoro dizer. E que pode muito bem ser mentira. Digo isso para não fazer certas coisas muito chatas e poder ficar dormindo em casa.

Tenho umas regras escrotas. E eu sei que são escrotas. Mas sou presas a elas. E, não, não quero deixá-las de lado.

Grito demais. Xingo demais. E quando surto as pessoas saem de perto de mim. Porque as pessoas têm medo de mim. Já quase matei uma pessoa com um cutelo. Já quase me matei. Já quase destruí metade da casa. Já toquei terror dentro de um prédio. Já ameacei de morte. Já discuti no trânsito. Já berrei ao ponto de acordar os vizinhos. Mas sempre acabo tendo razão. E os fins justificam os meios.

Contradizendo o que parece o óbvio, sei ser ponderada, enxergar os fatos, entender os outros lados da mesma história. Sou rancorosa, mas sei perdoar. Eu só não esqueço. E isso é bom. Porque realmente vejo que as pessoas não são perfeitas - se eu não o sou, como cobrar dos demais?

Já traí muito mais vezes do que fui traída. Nunca fui flor que se cheire. Porque eu disfarço bem, minto melhor ainda. Desculpem-me, mas faz parte de mim.

Sou compulsiva. Sou depressiva. Sou errada. Não, eu não quero mudar, obrigada. Me irrita ao extremo essa coisa do "politicamente correto". Não, não sejamos assim. Aceitemos o que somos. Só assim não nos agredimos e aprendemos os verdadeiros limites. Porque se sofremos na pele, não faremos aos outros. Essa coisa de fazer o bem sem olhar a quem não é comigo. Não mesmo. Quero saber muito bem para onde vão as minhas boas ações. Não quero me arrepender depois.

Não tenho medo da morte. Não tenho medo de morrer. Mas tenho pavor de ir sem ter feito as coisas verdadeiramente importantes - mesmo que, de fato, eu ainda não possa enumerá-las. Talvez nunca as possa.

Nunca fui apaixonada por nada nessa vida. Acho que a culpa é esse meu extremismo. Quem é assim não se apaixona fácil. Amo muitas coisas, muitas pessoas. E isso é o que me importa. A paixão cega. O amor acalenta, acalma e faz com que acreditemos que há amanhã.

Não faço muitas declarações. Não puxo farinha pro meu saco. Não vanglorio as minhas conquistas. Acabo sempre prestando mais atenção nas coisas ruins do que nas boas - o que, realmente, não é bom. Porque ser pessimista sempre nos coloca em déficit.

E sempre tenho essa sensação, essa sensação chata, de que as coisas realmente ainda não começaram, que ainda estou na estação de partida. Me parece sempre que a vida está na outra esquina, lá, onde eu nunca consigo chegar.

2 comentários:

L.S. Alves disse...

Assisti Watchmen e sai do cinema tão mal que não volto mais para ver filme sozinho. Me puxou pra baixo de uma tal forma. E tudo o que ele fez foi me lembrar de como somos como seres humanos. Sei lá meu comentário tá meio fora de esquadro, mas o que eu li agora me lembrou o que eu vi.
Sei lá.
Um abraço moça e te cuida.

Lomyne disse...

Se eu morasse no Rio, te convidava para um chopp hoje! Mas tudo bem, provavelmente eu vou praí mês que vem...


Delírio Niilista: falso sentimento de que o mundo, as outras pessoas ou a própria pessoa não existem