Não tenho inimigos.

É sério, não os tenho.

As pessoas que me tem como inimiga.

Eu sei. É coisa de gente que incomoda demais. E olha que nem me esforço para isso. Aí é que mora o segredo, o X da questão: não precisar se esforçar. E eu não me esforço. Para ser simpática, para ser eloqüente, para saber colocar as palavras, me impor, pedir, me vestir, ter um sorriso lindo, ganhar ou saber perder.

Também não o faço porque acho "melhor" ser assim. Não mesmo. Eu não o faço porque aprendi que não adianta de nada criar personagens e máscaras. Não adianta de nada ficar gritando no meio da sala pick me. As pessoas sabem quem sou, sabem meu nome e se lembram de mim porque eu sou... assim.

Poucos me vêem triste. Só os que convivem comigo diretamente me vêem com raiva. Falsidade? Não... nunca, jamais, em tempo algum. É que, simplesmente, as pessoas não têm que saber dos meus problemas - porque as vitórias nós cantamos e as derrotas, calamos.

Como muita gente não consegue ser assim - e há aquele grupo que até consegue mas acha lá no fundo que só eles é que têm uma vida com problemas - sei que desperto invejas. Porque compro sapatos, porque sei o que acontece no mundo, porque posso dormir até tarde, porque sei combinar as cores das roupas. É demais para certas mentes mesquinhas. Então, procuram defeitos, invejam o que não podem ter, acham que a minha vida é medíocre e eu sou triste e tudo é fachada...

Bem que certos o queriam. Mas, desculpe-me desapontá-los, não é assim que acontece. Porque, realmente, por vezes surto, acho que não vai dar mais, que está na hora de fugir pra Maui... Mas não. Coloco a cabeça no lugar... E tudo vai muito bem, obrigada.

Por isso me escolhem como inimiga. Pessoas tão bem resolvidas não podem ser perdoadas nunca jamais...